Greve Geral em Passo Fundo: professores contra a reforma da Previdência

Atos uniram trabalhadores de diversas categorias

A sexta-feira, 14 de junho, foi um dia atípico em todo o país. Transporte público parado, estabelecimentos fechados, professores e estudantes na rua junto das demais categorias que integram a classe trabalhadora dizendo não para a reforma da previdência do governo Bolsonaro. Em Passo Fundo as atividades planejadas pelo Comitê Intersindical da cidade iniciaram de madrugada, quando representantes de diversos sindicatos e estudantes universitários se dirigiram aos portões das três empresas de transporte público da cidade para dialogar com os motoristas e cobradores. Após o diálogo que ressaltou a importância de construir uma Greve Geral para barrar a reforma, os trabalhadores das três empresas realizaram assembleias e deliberaram pela adesão da greve. Nenhum ônibus saiu das garagens até próximo do meio-dia, quando 30% da frota passou a prestar o serviço.

Por volta das 10 horas da manhã os manifestantes que se concentravam na Praça do Teixeirinha desde o início da manhã trancaram o cruzamento da Sete de Setembro com a Avenida Brasil. Posteriormente contaram com a contribuição dos professores universitários Ivan Dourado e o juiz Dalmir Franklin, que dividiram com os presentes a preocupação que um projeto de reforma como este causa à classe trabalhadora e que impactos, caso seja aprovada, terá na vida destas pessoas. Pontuaram ainda que a proposta do governo federal vai atingir, em especial, os mais pobres e que desconsiderar o impacto destas mudanças é acorrer diretamente com a alta nos índices de desigualdade social no momento em que o trabalhador mais precisa. 

No turno da tarde os manifestantes se concentraram novamente na Praça do Teixeirinha, seguido do bloqueamento do cruzamento. Lideranças dos movimentos sindicais e sociais ressaltaram o massacre do povo pobre que representa o projeto do governo Bolsonaro e afirmaram que seguirão mobilizados, buscando cada vez mais apoio popular para barrar a reforma. A dirigente do Sindicato dos Professores Municipais de Passo Fundo (CMP Sindicato), Regina Costa dos Santos, avalia positivamente as movimentações na cidade, que tiveram um formato diferenciado das demais mobilizações e acredita que os atos cumpriram com a sua função de chamar a atenção da sociedade e das autoridades frente a questão da Reforma da Previdência. 

“Passando este dia de luta temos um novo desafio que é continuar lutando contra a reforma da Previdência, considerando que a luta não se encerra aqui. É necessário que a discussão seja levada aos demais trabalhadores e ao mesmo tempo nos desafiando a fortalecer cada vez mais essa mobilização. Precisamos chamar a atenção do governo e por isso nos mantermos resistindo e resistir é nos manter em movimento,” destaca a professora.

Para ela, sobre o dia de atividades, fica a esperança de que a classe trabalhadora seja ouvida. “Por mais que tenhamos ouvido comentários negativos e pejorativos, sabemos que o objetivo da ação foi cumprido. Fica a esperança a partir da organização e da mobilização dos trabalhadores. Mesmo diante de ataques vamos resistir, pois temos muitas pessoas dispostas a lutar e a mudar o mundo para melhor,” confidencia Regina. As mulheres professoras serão duramente atingidas caso a reforma seja aprovada como está, uma vez que precisarão trabalhar até 15 anos a mais para garantir a aposentadoria integral. 

Para o dirigente do CMP Sindicato, Eduardo Albuquerque, o movimento foi um sucesso em todo o Brasil, resultando em uma grande movimentação aonde milhões de pessoas paralisaram suas atividades demonstrando seu descontentamento sobre estes projetos que vêm sendo implementados nos últimos anos, em especial a reforma da previdência que contraria os interesses dos trabalhadores com poder aquisitivo mais baixo.

“A reforma não ataca de forma alguma os altos salários e grandes empresas devedoras e muito menos os bancos que lucram com a crise! Em que pese o movimento ter sido em uma sexta-feira, prejudicando a adesão das escolas, consideramos que o movimento foi um sucesso e conseguimos demonstrar essa insatisfação de boa parte da população,” reforça o professor.

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